O corpo guarda as marcas: como o trauma molda cérebro, emoções e relações

Nem sempre o trauma é visível. Ele pode não deixar cicatrizes físicas, mas seus efeitos são profundos, silenciosos e duradouros. A ciência mostra que os efeitos do trauma no corpo são reais — e vão muito além da mente.

Autores como Bessel van der Kolk e Stephen Porges revolucionaram a forma como compreendemos o trauma. Eles demonstraram que experiências traumáticas alteram o funcionamento do cérebro, do sistema nervoso autônomo e até das respostas fisiológicas do corpo.

O cérebro em estado de alertaQuando vivemos uma experiência traumática, áreas do cérebro como a amígdala (relacionada ao medo) e o hipocampo (memória) passam a funcionar de forma diferente. O cérebro pode se manter em estado de hiperalerta, interpretando situações comuns como ameaças.

Essa reação contínua afeta a qualidade do sono, o apetite, o humor e as relações interpessoais. Em muitos casos, as pessoas nem percebem que estão vivendo sob os efeitos do trauma.

Sistema nervoso: travado ou aceleradoStephen Porges propôs a Teoria Polivagal, que explica como o trauma afeta o sistema nervoso autônomo. Algumas pessoas ficam em modo de “luta ou fuga” constante (ansiedade, insônia, irritação), enquanto outras entram em modo de “congelamento” (apatia, isolamento, falta de energia). Ambos os estados são tentativas do corpo de sobreviver.

O corpo se lembraBessel van der Kolk, em seu livro O Corpo Guarda as Marcas, explica como o trauma é registrado no corpo por meio de tensões musculares, dores crônicas e reações somáticas. Ou seja, mesmo sem pensar no trauma, o corpo revive o impacto.

Caminhos para a curaFelizmente, o cérebro é plástico. Através da psicoterapia, especialmente abordagens como a terapia somática, EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares) e práticas como mindfulness, é possível ajudar o corpo e a mente a se reconectarem de forma segura.

O trauma não precisa definir quem você é. Ele é uma parte da história — mas não o fim dela.

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